domingo, 1 de novembro de 2009

37ª Feira do Livro de Pelotas

Acabo de voltar da 37ª Feira do Livro de Pelotas. Nada muito especial. Esse ano, o evento foi cercado de polêmica. Brigas menores entre a prefeitura e a Câmara do Livro do município. Coisas que não merecem destaque aqui no Capeta. O que importa é a feira em si.

Os mais vendidos
A exemplo do ano passado, nenhuma novidade significativa. Na prateleira dos mais vendidos, Harry Potter deu lugar a série Crepúsculo. Com todo respeito, mas, quando eu era adolescente, lia Stephen King e Edgar Alan Poe. Pelo menos, essa dupla escreve bem e têm fôlego de romancista. Hoje, não consigo entender como uma pessoa com mais de 20 anos lê a chamada "literatura fantástica". O comércio coloca essas coisas à disposição até em padaria. Só pode ser essa a explicação. Juro que tentei ler os livros da Stephenie Mayer, mas até meu masoquismo cultural tem limite. Não dá para levar a sério adulto que lê histórias sobre vampiros, bruxos e doendes.

Dan Brown ainda está vendendo muitos livros. Anjos e Demônios, último romance do escritor norte-americano, ocupa lugar de destaque no balcão de todos os livreiros. A fórmula é simples: arrume briga com o Vaticano e venda livros como água no Saara.

Na Filosofia, ninguém vende como ele. Nietzsche ainda é o "rei do pop". O Michael Jackson dos filósofos ganhou novas edições para a maioria das suas obras. A Cia. das Letras colocou vários livros do romântico alemão nas prateleiras com preços acessíveis e traduções especializadas. Paulo César de Souza, um dos maiores especialistas em Nietzsche do Brasil, assina diversos prefácios. Sinal de material de qualidade. Uma boa oportunidade para quem quer ler Nietzsche e não apenas ter o livro ornamentando a biblioteca em casa.

Literatura infantil
Para quem não sabe: tenho um sobrinho lindo. :) Então, outra coisa que me interessa é a prateleira dois livros infantis. Por lá, a coisa também não anda muito boa. Praticamente, não há livros: são brinquedos. Quem procura algo para uma criança de cinco anos ler, vai dar de cara com um monte de bugigangas coloridas e que tocam musiquinhas. Deve ser alguma nova experiência do campo da pedabobia - não cometi um erro de digitação, não. Os pedabobos modernos invadiram as publicações para crianças com a "dinâmica do lúcido". Lúcido, na pedagogia contemporânea, quer dizer algo sem gramática, desconstruído, para "dar lugar a uma nova realidade social". Conversa mole da turma que segue Paulo Freire como se fosse um novo messias. Resumindo: comprei livros para meu sobrinho colorir e terei que arrumar um jeito de alfabetizar ele por conta própria.

Sebos
Infelizmente, a galera dos sebos está desorganizada. Pelotas tem bons sebos, mas poucos têm presença significativa na feira. Uma pena.

Preços
Não adianta comprar na primeira barraca. Vi livros com até R$ 12 de diferença entre um livreiro e outro. Muitas livrarias dão, ainda, 20% de desconto. O leitor que estiver procurando algo específico, não deve se contentar com a primeira oferta. Uma enorme variedade de ivros não está exposta. É preciso pedir para os atendentes.

Atendimento
Costumo brincar que, em Pelotas, não há vendedores nas lojas. Todas aquelas pessoas com crachás fazem parte de um grupo de vigias, atentos para que nenhum produto seja roubado. Na Feira do Livro, é preciso relaxar. Em horário onde o fluxo e pessoas é muito grande, o atendimento piora ainda mais. É preciso ter paciência. Em alguns casos, não tem jeito: puxe o atendente pela camisa mesmo e pedes o que te interessa. Atender o cliente não é o forte de Pelotas.

Quem ainda não foi a Feira do Livro de Pelotas tem até do dia 15 de novembro para chegar na Praça Coronel Pedro Osório. No site do evento, há uma programação cultural e um calendário para as sessões de autógrafos. Tudo programa de índio. Quem tiver interesse visite o site, porque eu não vou gastar meu teclado com isso.

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